Por Marcio Maranhão
Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um preocupante aumento nos casos de intolerância religiosa, refletindo o clima conservador que permeia a sociedade. Recentemente, a cantora Anitta tornou-se vítima desse fenômeno ao perder milhares de seguidores após revelar sua religião de matriz africana. Esse triste episódio evidencia não apenas a fragilidade da liberdade religiosa no país, mas também a persistente tentativa de hegemonia de determinados grupos religiosos, especialmente os evangélicos, que tem tomado espaços de poder, para impor nas esferas públicas, pautas privativas e de interesse somente de alguns grupos religiosos.
De acordo com dados recentes, o Brasil figura entre os países com maior número de casos de intolerância religiosa, com um alarmante aumento nas denúncias nos últimos anos. Esse cenário é exacerbado pelo contexto político, quando, até recentemente, questões estritamente vinculadas a religião de uma parcela da sociedade, eram tratadas como políticas de governo e estado, se igualando e por vezes até superando, outras políticas, como saúde, educação e infraestrutura. Tais questões, pautada quase que diariamente durante o governo de Bolsonaro, contribuiu para a disseminação de discursos e práticas intolerantes, muitas vezes mascaradas sob a bandeira do conservadorismo e da defesa dos valores cristãos.
A perseguição e pressão exercidas por grupos religiosos dominantes, especialmente os cristãos, contra minorias religiosas são evidentes em diversos aspectos da vida social e política do país. Esses grupos muitas vezes reivindicam para si o papel de vítimas de perseguição, enquanto, paradoxalmente, promovem ativamente a discriminação e exclusão de outras crenças religiosas, em uma clara violação de princípios constitucionais da laicidade do Estado e liberdade religiosa.
Diante desse cenário preocupante, torna-se urgente a necessidade de promover o respeito à diversidade religiosa e reafirmar o caráter laico do Estado brasileiro. É fundamental que as autoridades, instituições e a sociedade civil se unam para combater a intolerância religiosa em todas as suas formas, garantindo o pleno exercício da liberdade de crença e o respeito à dignidade humana de todos os cidadãos, independentemente de sua orientação espiritual. Somente assim o Brasil poderá avançar em direção a uma sociedade mais justa, inclusiva e verdadeiramente democrática.
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