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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Viva vazio e camarote cheio: Araiosense não aguenta mais pagar comida e bebida de graça para Neto e sua família

Nas ruas, o sentimento é claro: o povo está cansado de pagar a conta da festa dos outros. “A cultura é nossa, o caranguejo é nosso, mas a festa virou deles. E a gente só assiste de longe”, desabafou um morador do bairro Rodeador.
Por Marcio Maranhão
O tradicional Festival do Caranguejo, encerrado neste domingo (6) em Araioses, deixou um sabor amargo para além das casquinhas. Apesar do investimento em estrutura, ornamentação e atrações musicais de renome nacional, o evento que deveria ser um motor cultural e econômico para o município foi marcado por uma frustração de público inédita e uma economia estagnada.

O que se viu nos dias 4, 5 e 6 de outubro não foi o burburinho de anos anteriores. Vendedores ambulantes, permissionários das barracas oficiais, profissionais de beleza e lojistas foram unânimes na queixa: o movimento foi o mais fraco de que se tem memória. O dinheiro, que tradicionalmente circula no comércio local durante o Festival, simplesmente não apareceu.



O Ralo dos Contratados de Fora
Para muitos araiosenses, a decepção tem endereço certo: a política de contratações. A crítica que ecoa nas ruas é que o grande número de prestadores e contratados de fora levam consigo a maior parte do dinheiro público dos araiosenses. "Estamos a ver navios, o dinheiro de Araioses está sendo gasto em outras cidades", desabafou um comerciante que preferiu não se identificar. A sensação é de que o evento, a despeito da qualidade das apresentações, não conseguiu reverter em benefício direto e imediato para a população local.

O Contraste Indigesto: Povoado x Panelinha
Nem mesmo a bem-vinda distribuição de quatrocentas cordas de caranguejo durante os dias de festa foi suficiente para atrair e manter o público. A "arena do povo" permaneceu com um público tímido, mostrando que a simples gratuidade não basta quando a economia aperta e a confiança política se esvai.
No entanto, o contraste foi gritante. Se a praça estava esvaziada, o camarote destinado ao prefeito Neto e sua família estava, mais uma vez, abarrotado. O espaço VIP era o retrato da fartura e do privilégio, frequentado pela panelinha de sempre e bajuladores de primeira ordem.

Enquanto a maioria dos araiosenses voltava para casa cedo, o camarote oficial seguia regado a finas iguarias e bebidas à vontade. Um luxo bancado integralmente pelo dinheiro do contribuinte araiosense.

O festival se encerrou, mas a indignação popular permanece. Enquanto o prefeito e seu círculo desfrutavam de banquetes e regalias, a grande maioria dos moradores de Araioses amanheceu nesta segunda-feira (6) com a dura realidade de ter que lutar novamente para garantir o mínimo e o básico para o sustento de suas famílias. A conta da festa, no final das contas, foi paga por quem menos aproveitou.

O que era para ser vitrine virou espelho da desigualdade
O Festival do Caranguejo sempre foi símbolo de orgulho para Araioses. Este ano, virou retrato da distância entre o poder e o povo. A estrutura estava lá, os artistas também. Faltou apenas o essencial: respeito ao cidadão que sustenta tudo isso.

A pergunta que ecoa pelas ruas é simples e dolorosa: até quando o araiosense vai bancar o luxo de quem deveria servir à cidade?

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