Por Marcio Maranhão
O clima político em Araioses volta a esquentar após a divulgação de um vídeo nas redes sociais do prefeito Neto Carvalho, onde ele direciona ataques diretos ao presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Araioses (SINSEPMA), professor Douglas Ramos. A gravação, amplamente compartilhada por aliados do gestor, revela uma tentativa explícita de intimidação contra o movimento sindical e seus representantes.
"NÃO TENHO MEDO DE GREVE NEM DE SINDICATO"
Na fala registrada, Neto Carvalho afirma que a redução de carga horária dos servidores “não é legal” e que tal prática “só existe em Araioses”. Em tom desafiador, o prefeito declara não temer mobilizações sindicais, greves ou qualquer outra ação que venha do SINSEPMA. A declaração foi interpretada por muitos como uma tentativa de deslegitimar o sindicato e silenciar críticas à sua gestão.
PERSEGUIÇÃO SISTEMÁTICA A SERVIDORES
Não é de hoje que a gestão de Neto Carvalho se choca com os servidores que não se aliam ao seu projeto político. Desde sua eleição, o prefeito tem sido acusado de perseguir e tentar calar quem se opõe a sua administração. No entanto, o projeto de "eternização no poder" tem esbarrado em um obstáculo significativo: a folha de pagamento do município.
Embora o prefeito tenha encontrado sua “galinha dos ovos de ouro”, como dizem alguns, através de contratos que supostamente visam criar um grande curral eleitoral para si e sua prole, a estratégia tem gerado grandes dificuldades financeiras para a prefeitura. A conta, ao final do mês, parece não fechar, e a gestão busca alternativas para equilibrar o orçamento, mesmo que isso signifique prejudicar os trabalhadores.
FOLHA DE PAGAMENTO NO LIMITE E MANOBRAS COM REPASSE AO INSS
Uma das ações mais graves da atual gestão, e que demonstra a dimensão da crise, é a aposentadoria compulsória de dezenas de servidores por idade. Muitos desses trabalhadores, que contribuíram por décadas para o INSS, estão sendo forçados a se aposentar com apenas um salário mínimo. Essa ação, considerada criminosa por muitos, ocorre porque o município, embora recolha mensalmente a contribuição previdenciária dos servidores, não repassa os valores devidos ao INSS.
E SE PASSARMOS PARTE DESSA DESPESA PARA O INSS E DE QUEBRA AINDA ABRIRMOS DEZENAS DE VAGAS PARA MAIS CABOS ELEITORAIS PARA JOÃO IGOR EM 2026?
A manobra não só precariza a situação dos aposentados, que veem seus benefícios reduzidos, mas também abre dezenas de vagas para o que alguns analisam como “cabos eleitorais” para o candidato João Igor em 2026. A situação é alarmante e levanta sérias dúvidas sobre a responsabilidade fiscal e o respeito aos direitos dos trabalhadores.
O MESMO ARGUMENTO USADO CONTRA LUCIANA TRINTA
Curiosamente, foi esse mesmo argumento — o pagamento da dívida previdenciária — que Neto Carvalho usou como justificativa para atuar junto ao Judiciário pela cassação do mandato da ex-prefeita Luciana Trinta, em dezembro de 2024. Em sua posse, Neto declarou aos vereadores: “Tirei Luciana porque ela queria pagar a dívida do INSS.”
O QUE ESTÁ EM JOGO
A tentativa de intimidar o presidente do SINSEPMA não é um episódio isolado, mas parte de uma escalada autoritária que visa enfraquecer a organização dos servidores e consolidar um projeto político baseado em cooptação e silenciamento. A sociedade araiosense, os órgãos de controle e a imprensa independente têm papel fundamental em fiscalizar e denunciar essas práticas.
RESISTÊNCIA E MOBILIZAÇÃO
O SINSEPMA, sob liderança de Douglas Ramos, se posicionou firmemente contra os abusos da gestão. Sua atuação não é pelos interesses do prefeito, que junto com a maioria dos vereadores, tem governado de costa para a população. A entidade precisa intensificar a mobilização dos servidores e ser protagonista mais uma vez, tal qual, entre os anos 2012 e 2016, quando a gestora da época mantinha também a câmara sobre o seu cabresto e o SINSEPMA ergueu-se como a grande voz de toda a sociedade.
O sindicato e toda a sociedade civil, deve conter os avanços de um modelo político que ameaça os pilares da democracia local.
A reportagem tentou contato com a prefeitura de Araioses para um posicionamento sobre as acusações, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
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