Protestos em cerca de 50 cidades foram convocados por movimentos progressistas, artistas e centrais sindicais. Esse foi maior ato da esquerda nos últimos anos
Manifestantes ocuparam as ruas, neste domingo (21), em todos os estados e no Distrito Federal, em um ato de protesto contra contra o “PL da Anistia”, que significaria o perdão aos golpistas do 8 de janeiro, incluindo a cúpula da organização criminosa montada para tentar golpe de Estado. Esse foi o maior ato da esquerda nos últimos anos e defendeu pautas do povo, como redução da jornada de trabalho e isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Os protestos foram convocados por movimentos progressistas, artistas e centrais sindicais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Belém, João Pessoa, Manaus, Natal, Rio Branco, Maceió, Macapá, Fortaleza, Vitória, Goiânia, São Luís, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba, Recife, Teresina, Porto Alegre, Porto Velho, Boa Vista, Florianópolis, Aracaju e Palmas e outras cidades. Também ocorreram atos no exterior, em Lisboa, Berlim, Londres e Paris.
Os manifestantes deixaram expresso o desejo de que os envolvidos na tentativa de golpe de Estado sejam punidos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Aos gritos de “sem anistia para fascistas”, eles carregavam cartazes e faixas com palavras de ordem.
São Paulo
O ato na maior cidade do país lotou os arredores do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Uma enorme bandeira do Brasil foi estendida ao longo da Avenida Paulista, sinal claro do patriotismo que toma conta do povo brasileiro, puxado por movimentos de esquerda em meio a agressões externas contra o país que são incentivadas por bolsonaristas que estão nos Estados Unidos.
Por volta das 16h00, os manifestantes ocupavam diversos quarteirões da Paulista. Compareceram o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, e os deputados federais Arlindo Chinaglia, Rui Falcão, Carlos Zarattini e Vicentinho. O Monitor da Universidade de São Paulo apontou que o ato atraiu 42 mil pessoas.
O presidente do PT exaltou a mobilização nacional da esquerda. “As manifestações de hoje, em todo o Brasil, que caracterizam uma data histórica, dão visibilidade à indignação do povo brasileiro. A política tem que traduzir o que de fato incomoda a maioria da população”, apontou Edinho.
“O Congresso Nacional tem que pautar: a isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores assalariados, a redução da jornada de trabalho, a PEC da segurança pública, o debate de medidas para o fim das filas na saúde pública, a universalização da educação integral e a tarifa zero para o transporte público”, acrescentou.
Rio de Janeiro
A manifestação no Rio de Janeiro era uma das mais aguardadas, por conta das presenças ilustres de quatro grandes nomes da Música Popular Brasileira: Chico Buarque, Caetano Veloso. Djavan e Gilberto Gil. A aglomeração se deu na orla de Copacabana, onde os cantores se apresentaram.
O deputado federal Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, participou do ato em Brasília, pela manhã, e seguiu para o Rio de Janeiro, à tarde. Ele estava nitidamente emocionado com a quantidade de pessoas que saíram às ruas neste domingo.
“É ‘não’ ao ‘PL da Anistia’. E é ‘não’ à revisão de penas para Bolsonaro e os militares golpistas”, afirmou Lindbergh, por meio do Instagram.
Brasília
Em Brasília, o protesto se concentrou no Museu da República, antes de 30 mil pessoas marcharem pela Esplanada dos Ministérios. O cantor paraibano Chico César se apresentou no período da tarde. Outro artista presente foi o rapper mineiro Djonga, que cantou “fogo nos fascistas”.
Entre os petistas, os deputados federais Paulo Pimenta (RS) e Erika Kokay (DF) e o ex-ministro José Dirceu discursaram na capital federal, assim como Lindbergh.
“O Congresso Nacional não pode ser refém dessa pauta golpista… Nós queremos votar é o projeto encaminhado pelo presidente Lula da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Nós queremos votar é o fim da escala seis por um, essa é a pauta do povo”, defendeu Pimenta, no alto do carro de som.
Em entrevista à TV247, José Dirceu disse que “o Brasil mudou”. “O povo está na rua contra a impunidade, contra a anistia. E o que é mais importante: a juventude tomou consciência, e a maioria dos brasileiros, que é preciso cobrar impostos dos ricos”, definiu.
Belo Horizonte
Belo Horizonte também amanheceu em coro contra a o “PL da Anistia”. Os manifestantes lotaram a Praça Raul Soares, uma das principais da capital mineira. A cantora e compositora Fernanda Takai, da banda Pato Fu, encarregou-se de animar quase 50 mil pessoas.
Falando à militância, o deputado federal Rogério Correia (MG) teceu duras críticas ao Congresso e às pautas anti-povo. Do palanque, ele recebeu aplausos por isso.
“O que tem que ser pautado é o Imposto de Renda com isenção até R$ 5 mil. O que tem ser pautado é o fim da jornada seis por um. O que tem que ser pautado é dividir renda no Brasil. O que tem que ser pautado é imposto para as elites bilionárias deste país”, enumerou.
Salvador
Em Salvador, também houve manifestação. Cerca de 30 mil pessoas se reuniram em frente ao Cristo da Barra, um dos principais pontos turísticos da capital baiana. Os atores Wagner Moura e Nanda Costa, a cantora Daniela Mercury e a percussionista Lan Lan subiram no trio elétrico e conduziram a multidão.
“Eu fiquei com vontade de falar só do momento extraordinário pelo qual passa a democracia brasileira, cara. Que exemplo para o mundo todo. A gente que sempre cresceu dizendo: ‘nossa democracia é frágil, nossa democracia é jovem’. Nossa democracia botou para lenhar”, comemorou Moura.
O secretário nacional de Comunicação do PT, Éden Valadares, participou do protesto no Cristo da Barra. “Estamos na rua pela mudança da escala seis por um, pela taxação dos super-ricos, pela aprovação da PEC da segurança. Estamos ao lado da agenda do Brasil, da agenda do povo”, afirmou.
Nas redes sociais, o senador Jaques Wagner (BA), líder do governo Lula, elogiou a iniciativa deste domingo. “Eu acho que essa caminhada não é uma caminhada da esquerda, do centro ou da direita. Para mim, ela é uma grande caminhada dos democratas, como foi as ‘Diretas Já'”, comparou.
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