A História se repete? O quê nos mostrará a História?

Ironicamente os lados estão invertidos.
- Em 13 de março de 1964, o Comício de Jânio, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, a favor das Reformas de Base selou o destino do governo democrático de João Goulart. Daí até 31 de março, quando a direita brasileira, monitorada pelos Estados Unidos, em nome da guerra fria, deu mais um golpe militar no Brasil, foi mera questão organizativa. Jânio, como os setores progressistas, não organizou resistência...
- Em 13 de março de 2016, a direita brasileira vai às ruas contra um governo e um partido que fizeram a maior inclusão social da nossa história. Mas este partido - o PT - como Jânio, também subestimou a reação do conservadorismo brasileiro e os interesses dos Estados Unidos sobre o Brasil.
Vivemos outros tempos, outro Brasil.
Não é mais um país rural e sem estrutura de informações. Vivemos on line e tudo pode acontecer em questão de minutos. No último dia 04, a sexta-feira, que não era a 13, o povo reagiu ao golpe do Ministério Público e da Polícia Federal contra Lula e o PT. Em poucas horas o Brasil inteiro viu manifestações de apoio a Lula e ao PT, do Amapá ao Rio Grande do Sul.
Mais uma vez, um mês de março será decisivo para a história do Brasil. Tivemos o dia 04, ontem as mulheres em todo Brasil também foram às ruas, neste domingo será a vez da direita, dos fascistas e dos conservadores. No dia 18 será a vez dos movimentos sociais voltarem às ruas em defesa de Lula.
Ironicamente a esquerda está chamando uma grande manifestação nacional para o dia 31 de março. O dia do golpe militar de 1964. A esquerda perdeu a memória? Talvez o golpe venha antes do dia 31...
A imprensa que manda nas comunicações brasileiras continua sendo a mesma de 1964 e continua chamando o golpe abertamente. A Rede Globo, a Folha e o Estadão, como em 64, fazem campanha permanente pela derrubada do governo Dilma. Fraca como Jânio. E a direita se aproveita desta fraqueza para mostrar seu lado fascista, como os integralistas de antigamente.
Como dizem os locutores esportivos, o jogo só acaba quando o juiz apita.
Até o dia 31 de março a história do Brasil pode escrever mais uma tragédia à direita ou à esquerda. Tudo está mostrando que os fascistas estão mais fortes e coberto por uma legalidade também fascista. Sentimos falta de gente como Ulisses Guimarães, Teotônio Vilela, Marcio Thomaz Bastos, Mario Covas, Dom Paulo Evaristo Arns e tantos outros.
Nem empresários corajosos e dignos de defender a democracia e o Estado de Direito temos visto. Estão deixando Marcelo Odebrecht ser humilhado e tripudiado pela burocracia golpista, como na época do nazismo e das guerras civis. O medo se impõe ante as ameaças de devassas empresariais e familiares.
O regime de terror e de intimidação cresce a cada dia.
Por enquanto ainda se preocupam em dar alguma legalidade. Daqui a pouco será o terror puro e simples. A resistência a este golpe em 2016 pode ser bem diferente da resistência do golpe de 1964. Afinal 52 anos é mais de meio século de transformações. Para o bem e para o mal.
Como os sinais estão trocados, eu prefiro contribuir para que a Democracia seja mantida, reforçando o direito de o povo escolher seus candidatos, seus partidos e suas formas de governo. Como num casamento: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na fartura e na escassez. Democracia como aprendizado de vida e de respeito às diferenças.
O quê nos mostrará a História?
Fonte: http://www.gilmarcarneiro.com/2016/03/13-de-marco-de-1964-e-2016-mais-golpe.html
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