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terça-feira, 24 de junho de 2025

Prefeito Red Bull: Com estradas e ruas esburacadas, Neto Carvalho promete construir aeroporto na cidade e dá asas aos araiosenses

Por Marcio Maranhão
Araioses–MA – Em meio a ruas esburacadas, estradas vicinais intrafegáveis e promessas de campanha ainda não cumpridas, o prefeito de Araioses, Neto Carvalho, surpreendeu a população ao anunciar, nesta terça-feira (24), o projeto de construção de um aeroporto municipal. A proposta foi apresentada durante sessão na Câmara de Vereadores e, segundo o gestor, representa um “marco para o desenvolvimento” do município.

A promessa, no entanto, chega em um momento delicado. Passados seis meses de gestão, a principal proposta de campanha de Neto Carvalho — a construção de uma estrada ligando Araioses a Parnaíba (PI), que reduziria significativamente a distância entre as cidades — permanece apenas no discurso. Enquanto isso, cerca de 80% das estradas dos povoados seguem em condições precárias, e a pavimentação de algumas ruas da sede, tem sido feita com uma camada de asfalto considerada frágil por moradores e especialistas.

AEROPORTO: SONHO OU DESCOMPASSO?

Embora a construção de um aeroporto possa representar ganhos logísticos e turísticos para Araioses, a proposta levanta questionamentos sobre prioridades. A cidade enfrenta carências estruturais básicas nas áreas de saúde, educação, assistência social e mobilidade urbana. A população, em sua maioria, ainda depende de estradas de terra para acessar serviços essenciais.

O projeto do aeroporto foi apresentado com detalhes técnicos pela equipe da prefeitura, que defende a viabilidade da obra como parte de um plano de modernização da infraestrutura local. A iniciativa acompanha uma tendência estadual: o governo do Maranhão lançou, em março deste ano, um programa de revitalização e implantação de 10 aeroportos regionais, com foco em transporte de urgência, turismo e agronegócio. Araioses, no entanto, não está entre os municípios contemplados nessa primeira fase.

O CASO PARNAÍBA: UM ALERTA PRÓXIMO

A proposta de Neto Carvalho também chama atenção por sua semelhança com o caso do Aeroporto Internacional de Parnaíba, no Piauí. Inaugurado com grande expectativa, o terminal teve sua operação comercial suspensa em março de 2025. Segundo reportagens e análises do setor aéreo, a falta de demanda consistente é um dos principais entraves. Companhias aéreas operam com base em estudos de viabilidade econômica, e a baixa ocupação dos voos inviabiliza a manutenção das rotas. Fatores como a proximidade com Teresina, que oferece mais opções de voos e destinos, e a baixa atratividade econômica da região para grandes volumes de passageiros também contribuíram para a situação.

Historicamente, o aeroporto de Parnaíba teve alguns momentos de operação, mas a maioria foi de curta duração. Empresas aéreas como a Azul Linhas Aéreas, por exemplo, chegaram a operar voos para Parnaíba, mas os suspenderam por falta de viabilidade financeira. A infraestrutura existe, mas a falta de fluxo de passageiros e carga impede a sustentabilidade das operações.

Desde sua inauguração e reabertura para voos comerciais, o aeroporto de Parnaíba tem enfrentado desafios para consolidar sua operação.

Segundo reportagem do Portal Cidade Verde (2023), as companhias aéreas cancelaram as rotas devido à baixa demanda e falta de incentivos públicos. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) registrou que o aeroporto chegou a ficar meses sem nenhum voo regular.
Para moradores ouvidos pelo Blog Marcio Maranhão, a resposta para a ideia é uníssona: "Precisamos de estradas para levar nosso feijão, milho e mandioca, não de aeroporto para político viajar. Se nem Parnaíba consegue manter voos, como Araioses vai sustentar um?"
VIABILIDADE E PRIORIDADES

Especialistas em infraestrutura e desenvolvimento regional apontam que a construção de um aeroporto exige não apenas investimento inicial elevado, mas também manutenção constante, demanda consolidada e integração com outras formas de transporte.
Passado seis meses do primeiro ano de sua gestão, Neto Carvalho não tem conseguido fazer o básico pela maioria da população araiosense, que mora na zona rural: estrada de qualidade.

Araioses sofre com estradas ruins, transporte ainda feito em sua maioria por pau de arara (toyotas e caminhões adaptados com assentos sem encosto e desconfortáveis), único tipo de veículo possível de aguentar as péssimas condições da maioria das estradas do município.
Em cidades com baixa densidade populacional e infraestrutura básica deficiente, como é o caso de Araioses, tais projetos podem se tornar proporcionalmente a possíveis benefícios, onerosos demais e subutilizados.

Único serviço de transporte regular que passa pelo município, o ônibus da Remédio, é um caos por falta de fiscalização. Falta conforto, segurança, higiene e às vezes certeza da chegada ao destino, em razão dos constantes casos de quebra do ônibus no meio do percurso.

A população araiosense, por sua vez, segue aguardando a concretização de promessas mais urgentes, como a melhoria das estradas vicinais, o acesso digno à saúde e à educação, e a garantia do direito de ir e vir com segurança.

UM ELEFANTE BRANCO OU UM SALTO PARA O FUTURO?

A promessa de um aeroporto em Araioses, embora possa soar como um impulso ao desenvolvimento e ao turismo, levanta a questão da prioridade dos investimentos públicos. Enquanto grande parte da população anseia por soluções para problemas elementares como estradas transitáveis, saneamento básico, melhorias na saúde e educação, a ideia de uma estrutura de tamanha magnitude, e de questionável demanda, acende um alerta sobre a gestão dos recursos públicos e o alinhamento das políticas com as reais necessidades da população.

Enquanto isso, o anúncio do aeroporto — embora envolto em discursos de progresso — parece, para muitos, mais uma tentativa de “dar asas” à imagem do prefeito do que de atender às reais necessidades do povo.

CADÊ OS VEREADORES E O MINISTÉRIO PÚBLICO?

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