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terça-feira, 29 de abril de 2014

Envolvido em escândalo da Petrobrás, ex-diretor tratou de investimentos em refinaria com o ministro Lobão

Preso e apontado como sócio de um bilionário esquema de lavagem de dinheiro investigado pela Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa reuniu-se com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para tratar de investimentos numa refinaria no Ceará.

Uma deputada federal e um empresário também estiveram na audiência, que ocorreu em 25 de fevereiro deste ano e contou ainda com a presença do secretário de Petróleo da pasta, Marco Antônio Martins Almeida.

O Ministério de Minas e Energia confirmou o encontro. A pasta informa que foram agendadas duas audiências, solicitadas pela deputada federal Gorete Pereira (PR-CE), para tratar de assuntos referentes a investimentos numa refinaria no Ceará.

Na primeira reunião, no dia 15 de janeiro, a deputada foi ao ministério acompanhada apenas pelo empresário Sérgio Canozzi. Na segunda, no mês seguinte, Paulo Roberto Costa os acompanhou.

Nenhuma das audiências consta da agenda oficial do ministro Edison Lobão, disponível no site do órgão.

Segundo a Folha apurou, Canozzi e Costa fizeram lobby pela estatal chinesa Sinopec.

A intenção era que a chinesa se associasse à Petrobras para viabilizar os investimentos na refinaria cearense.

O governo federal e a petroleira brasileira já vinham negociando uma parceria com a Sinopec para completar as obras da Premium II.

O plano de negócios de Costa e Canozzi é mencionado em um e-mail encontrado num computador do ex-diretor da Petrobras, ao qual a Folha teve acesso, durante buscas da Operação Lava Jato.

Em 23 de dezembro de 2013, Canozzi enviou um e-mail a Costa, em que diz estar esperando para se reunir com o ministro “nos próximos dias”. “Estou fazendo o possível para termos o assunto da refinaria resolvido imediatamente”, escreveu.

No dia 4 de janeiro deste ano, o empresário lista como prioridade número um o nome “Lobão”, seguido por: ”Garantem nossos amigos que serei recebido na semana entrante, conforme tua disponibilidade seria conveniente irmos os dois”. Canozzi foi recebido em 15 de janeiro.

Entre os documentos apreendidos também estão cartões de visita da deputada federal, de Martha Lyra Nascimento, chefe da assessoria parlamentar de Minas e Energia, e do secretário Marco Antônio. Foi Martha Lyra quem Gorete procurou para solicitar a audiência com Lobão.

Nos papéis recolhidos pela Polícia Federal, ainda há o registro de dois encontros agendados entre Costa e Canozzi, nos dias 10 e 11 de fevereiro deste ano.

A reportagem não conseguiu obter informações sobre o encaminhamento dado pelo ministério ao negócio envolvendo a Sinopec e a Petrobras após as reuniões com a deputada, Costa e Canozzi.

A Folha tentou contato com Canozzi e com a deputada, mas não teve resposta até a conclusão desta edição.

PRISÃO

Fernando Fernandes, advogado de Paulo Roberto Costa, disse que não tem conhecimento se ele atuou como representante da estatal chinesa, mas ressaltou que não haveria ilegalidade nisso.

“Ele não está impedido de representar qualquer empresa depois de sua aposentadoria da Petrobras”, disse.

Costa, que ocupou o cargo de diretor de abastecimento e refino da Petrobras entre 2004 e 2012, foi preso no dia 20 de março por tentar destruir provas e documentos que o envolviam com um esquema de lavagem de dinheiro que, segundo a PF, era comandado pelo doleiro Alberto Youssef.

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