Por Marcio Maranhão
O cantor e artista local Denildo Show denunciou, em vídeo divulgado no último sábado (8), a perseguição que vem sofrendo por parte da gestão municipal de Araioses, comandada pelo prefeito Neto Carvalho. O artista, conhecido por animar festas e eventos culturais na região há anos, foi impedido de se apresentar no tradicional evento pré-carnavalesco Zé Pereira, um dos mais aguardados pela população. A decisão foi classificada por Denildo como um ato de retaliação política e desrespeito aos artistas locais.
A perseguição que não é de hoje
Em seu desabafo nas redes sociais, Denildo ressaltou que a perseguição não é recente. Segundo ele, ao longo dos anos, diversos governantes usaram o poder público para boicotar suas apresentações em eventos municipais. "Já enfrentei isso em outras gestões, mas agora parece que a situação se agravou. Estão usando critérios políticos para escolher quem pode ou não se apresentar, e isso é um ataque à liberdade cultural", afirmou o artista.
A proibição gerou indignação entre fãs e apoiadores, que consideram a decisão injusta e um claro exemplo de uso da cultura como ferramenta política. Nas redes sociais, muitos cobraram explicações da prefeitura sobre os critérios adotados para a seleção das atrações do Zé Pereira.
vídeo publicado pelo artista nas redes sociais
Implicações legais e prejuízos à cultura
A exclusão de Denildo Show dos eventos municipais levanta questões sobre a legalidade do uso de recursos públicos para fins políticos. Segundo especialistas, a gestão municipal pode estar violando princípios constitucionais, como a impessoalidade e a moralidade administrativa, ao privilegiar artistas alinhados politicamente em detrimento de outros talentos locais.
A Constituição ainda, garante a todos os cidadãos o direito à liberdade de expressão, voto e à participação na vida cultural do país. Além disso, a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) prevê punições para gestores que utilizam recursos públicos para beneficiar apoiadores políticos ou perseguir opositores. Entre as sanções estão multas, perda de cargo público e inelegibilidade por até oito anos.
Casos semelhantes já foram registrados em outras partes do Brasil. Em 2023, um prefeito do interior de São Paulo foi processado por excluir artistas que não apoiavam sua gestão de eventos financiados com dinheiro público. O gestor foi condenado por improbidade administrativa e perdeu o direito de se candidatar a cargos públicos por cinco anos.
Já no Maranhão, exatamente em Araioses, o Ministério Público recomendou a suspensão de shows pagos com dinheiro público durante o Festival do Caranguejo, após denúncias de má gestão de recursos.
O uso da cultura como arma política
A polêmica envolvendo Denildo Show reforça o debate sobre a valorização dos talentos locais e o uso da cultura como instrumento de pressão política. "A arte não deveria ser usada como moeda de troca. Ela é um direito da população e uma forma de expressão que precisa ser preservada", afirmou um apoiador do artista nas redes sociais.
Enquanto isso, Denildo segue recebendo apoio popular e promete continuar levando sua música para o povo, independentemente das tentativas de silenciamento. "A cultura é resistência, e eu não vou me calar. Vou continuar fazendo o que amo, porque a música é para todos", declarou o cantor.
O que diz a lei
A Constituição Federal estabelece que os recursos públicos devem ser utilizados de forma impessoal, sem favorecimentos políticos ou pessoais. Gestores que desrespeitam esses princípios podem sofrer sanções administrativas e até ações judiciais. No caso de Araioses, a persistência em práticas discriminatórias pode levar a investigações pelo Ministério Público e a possíveis punições para os responsáveis.
Enquanto a polêmica se desenrola, a população local espera que a cultura seja tratada com o respeito que merece, longe de interesses políticos e como uma ferramenta de inclusão e valorização dos talentos da terra.
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