Por Marcio Maranhão
Em pleno século XXI, quando o debate sobre desenvolvimento urbano avança para modelos mais integrados, sustentáveis e visualmente harmônicos, o município de Araioses assiste, perplexo, ao desmonte de um de seus símbolos mais recentes de modernidade: os postes de ferro ornamentais da Praça do Viva.
Sob a alegação de que os postes estariam "dando choque", a atual gestão municipal optou por removê-los, instalando em seu lugar os já conhecidos postes de concreto padrão. Uma substituição que, para os moradores e observadores mais atentos, parece mais um gesto de retrocesso estético do que uma solução técnica fundamentada.
ESTÉTICA E IDENTIDADE URBANA AMEAÇADAS
A Praça do Viva não é apenas um logradouro público. É um cartão-postal para quem visita Araioses e um ponto de encontro para os que aqui vivem. A iluminação em LED, os postes ornamentais e a fiação subterrânea davam à praça um ar contemporâneo, alinhado ao potencial turístico do município. O conjunto arquitetônico, cuidadosamente implantado ao longo dos anos, contribuía para uma atmosfera acolhedora e segura.
A SUBSTITUIÇÃO POR POSTES DE CONCRETO — elementos rústicos, visivelmente desatualizados e incompatíveis com o visual moderno da praça — rompe não apenas com o projeto urbanístico, mas com a ideia de que Araioses pode (e deve) pensar grande.
MANUTENÇÃO NEGLIGENCIADA OU PRETEXTO MAL FORMULADO?
Mesmo que os relatos de choque elétrico tenham de fato ocorrido, é imperativo responsabilizar a gestão pública pela ausência de manutenção preventiva. Afinal, qualquer equipamento urbano, seja um poste ou uma luminária, exige inspeções regulares para garantir seu funcionamento e segurança. A falha nesse quesito é, portanto, uma omissão administrativa — e não uma justificativa válida para descaracterizar um espaço público construído com recursos e planejamento.
TRANSPARÊNCIA E QUESTIONAMENTOS QUE PERMANECEM
Não bastasse o impacto visual negativo, a ausência de laudos técnicos públicos que comprovem os supostos riscos à segurança levanta dúvidas sobre a real necessidade da troca. Por que a solução imediata foi a remoção e não o reparo? Houve consulta à comunidade ou aos órgãos responsáveis por patrimônio e urbanismo?
GESTÃO OU DESCOMPASSO?
A postura do prefeito Neto Carvalho evidencia uma falta de visão crítica sobre o papel da estética urbana em cidades que buscam atrair turistas e valorizar seus espaços de convivência. Transformar uma praça moderna em uma paisagem sem personalidade é uma decisão que fere o esforço de muitos que, ao longo dos anos, trabalharam por uma Araioses mais bela e moderna.
Neste contexto, a expressão popular ganha novo sentido: se não puderem melhorar, ao menos não piorem. O apelo que ecoa da população local é claro: respeitem nossa cidade, nossa identidade e nossas praças.